Foi para reencontrar seu pai – que veio para o Brasil depois da I Grande Guerra – que Hilde Weber, uma garota de 20 anos, pisou os pés no país verde e amarelo. Vinda de Waldau, uma pequena cidade alemã, a chargista não imaginava o que iria acontecer: desenhar, aqui no Brasil, acontecimentos históricos.
Hilde nasceu em 1913 e passou sua infância e juventude em Hamburgo. Foi na segunda maior cidade da Alemanha que Hilde se viu em dúvida entre o ballet e as artes plásticas. Escolheu a Escola de Belas Artes de Hamburgo. Dizem que foi influência de sua tia Claire, também pintora.
Por influência ou não, Hilde iria fazer um trabalho inédito no Brasil: a reportagem desenhada. Sem saber falar o português já estava trabalhando como chargista para os Diários Associados ao lado de Rubem Braga, escritor das reportagens. Ela tinha o dom de desenhar fielmente os acontecimentos.
Na década de 1930 Hilde se casa e vai morar em São Paulo, onde entra em contato com os “santelenistas” (grupo de artistas que se reuniam nos ateliês que ficavam no Palacete Santa Helena) atraída pelas sessões noturnas de desenho com modelos vivos e pelas saídas em grupo para pintar a maneira impressionista.
Em 1940, Hilde passou a trabalhar no ateliê-oficina de pintura sobre azulejos, ao lado de Volpi, Zanini e outros até 1949. Nos seus desenhos em azulejo, Hilde usava signos nacionais e temas populares como o abacaxi, o papagaio ou o rodeio de gado.
Casa-se novamente com o jornalista, Cláudio Abramo e depois se separa. Em 1950 a convite de Carlos Lacerda, trabalha como chargista da recém-fundada Tribuna da Imprensa no Rio de Janeiro. As caricaturas de Getúlio Vargas marcaram seu trabalho.
A partir daí, Hilde passa a desenhar e assinar uma charge diariamente para a primeira página do jornal, até a sua a venda. Em 1960, foi premiada com o prêmio Seção América Latina do Concurso de Caricaturas do World Newspaper Forum, pelas melhores charges internacionais.
Por causa da venda do jornal, em 1962 Hilde volta definitivamente para São Paulo como contratada do jornal O Estado de São Paulo, para o qual já colaborava desde 1956.
Depois do sucesso como chargista, Hilde passa a expor em vários salões pelo Brasil. Ela acompanhou e ilustrou todos os episódios marcantes da história da política brasileira até o ano 1989, quando se aposentou.
Em 2007 ganhou uma exposição intitulada “Hilde Weber Lápis de Malícia Lírica”, em que o público pode ter contato com sua obra depois de 13 anos.
“O desenho a traço, que é o mais puro, é sinônimo de ‘eliminar’: desenhar a traço é dizer tudo com pouco. (…) Desenhar é, para mim, um grande meio de comunicação. (…) É o caminho mais curto entre o artista e o público”.
Hilde Weber.
Pode ser encontrado em alguns sebos o livro “O Brasil em Charge” com todas as charges políticas de Hilde.

Nossa, os santelenistas era tipo a forma embrionária do Bistecão Ilustrado e Sketchcrawl, hehe ;-)
Será que os ilustradores daquela época sofriam as mesmas coisas dos de hoje? dúvidas, dúvidas… ;-)
Olá
Eu simplesmente amei este site.
Estava fazendo as ultimas pesquisas para meu trabalho de conclusão, quando me deparei com este site, quando procurava sobre a Hilde. Foi fabuloso. E com certeza voltarei para com calma ver cada um dos posts, assim que esse “inferno” acabar. rsrs
Peço licença também para copiar as imagens que estão no site, apontando é claro os devidos créditos ao site em meu trabalho.
Parabéns
E um forte abraço.
Oi Marlene! Obrigada, que bom que gosou! Se sinta a vontade para usar o blog como fonte! Depois nos mande seu trabalho! Abraços! :)
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