Disciplinar os cabelos. É o que prometem as propagandas de shampoo, secadores e produtos químicos. Disciplinar o que é natural. O que é seu. Disciplinar é fazer obedecer. Mas nem todas aceitam essa imposição. Muitas querem romper com esse padrão estético de que o cabelo bom é o liso. Assumir a cabeleira natural e farta é um processo muitas vezes compartilhado por mulheres que se negam a essa coação, como fez a quadrinista que apresento a seguir:
Francisca Nzenze, conhecida como Chiquinha, nasceu em Angola e mora no Brasil há 3 anos. Integrante do grupo “Angolanas Naturais e Amigos” (A.N.A), lia relatos de muitas meninas que assumiam e possuíam suas cabeleiras fartas. As chamadas Kindumba.
Kindumba é uma palavra em kimbundu, uma das línguas locais de Angola. Um país que possui mais de 10 dialetos nacionais e tem como a língua oficial a língua portuguesa. Daí surgiu A Kindumba da Ana.
“Como eu gosto muito de desenhar, comecei a passar para o papel, para desenho, aqueles casos e muitos outros. A inspiração está no meu dia a dia, e no dia a dia das mulheres que assumem o cabelo natural.” diz Francisca.
Chiquinha é formada em Relações Internacionais (diplomacia) e trabalhou como jornalista em Angola. Hoje ela escreve (Tem um livro infantil publicado intitulado “A minha amiga propoletra”), ilustra, faz artesanato e é mãe.
Chiquinha possui grande visibilidade no Facebook com suas tiras. Segundo ela é por ter muitas leitoras que se identificam com as historinhas da ANA. “Pelos comentários e pelas mensagens que recebo inbox, vejo que ela não é só uma bonequinha engraçadinha, ela é fonte de inspiração para as mulheres voltarem a assumir e a curtir o cabelo natural (kindumba)”, diz.
As suas tiras são feitas com lápis e finalizadas com caneta nanquim. “Eu faço assim porque gosto. Acho bonito o preto e branco”.
Chiquinha quer mostrar com bom humor, como é ser natural sem “grilos”. Segundo ela, a ANA é uma mulher como todas as outras, tem seus dias bons, seus dias de mau humor, trabalha, ama, sofre, é gorda, é magra, é vaidosa, é inteligente, ela existe!
Conheça mais as tiras da Chuiquinha e outras ilustrações acessando sua página no Facebook.
Mais sobre o tema
– Recentemente foi divulgada uma pesquisa sobre a estereotipização na forma como os negros são retratados nas histórias em quadrinhos brasileiras.
– O Blogueiras Negras publicou o texto “A invisibilidade da estética negra: a dor do racismo sobre nossos cabelos”.

Adorei o post faço mestrado em literaturas africanas e, sinceramente, fiquei feliz em descobrir uma produção de hq feminina africana. Ladys, meu amor por vcs só cresce. Beijos grande
Oi Bárbara, que bom que gostou! :) Ainda quero encontrar mais e mais quadrinistas fora dos EUA e Europa. Sei que tem muitos talentos por aí! Beijo grande!
Olá, Mariamma!
Aqui abaixo seguem dois exemplos proeminentes de quadrinhos africanos feitos por mulheres:
Akata Witch, por Nnedi Okorafor
> http://yabookcouncil.com/wp-content/uploads/2013/05/akatawitch.jpg
> http://www.amazon.com/Akata-Witch-Nnedi-Okorafor/dp/0670011967
Aya de Yopougon, por Marguerite Abouet
> http://www.lpm.com.br/site/default.asp?Template=../livros/layout_produto.asp&CategoriaID=645528&ID=926238
> https://africaebrasil.wordpress.com/category/aya-de-yopougon/ (Versão em português para download)
> http://www.emdialogo.uff.br/content/aya-de-yopougon-ou-africa-moderna-em-hq (Entrevista com a autora)
Abraços!
Adorei a arte dela! E suas histórias são tão “aconteceu comigo!” =)
Tenho cabelos cacheados e também sofri para aceitar meus cachos, mas aprendi que quando nos aceitamos tudo se harmoniza em nós!
Já curti a página da Chiquinha também!
Ladys vcs são demais! =D
<3 Só tenho a agradecer por essa HQ. É tudo de bom, me identifico muito. bjoss !
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