Na última terça-feira ela conseguiu que seu projeto (uma coletânea dos seus quadrinhos dos últimos dois anos) fosse financiado via Catarse. Sirlanney Nogueira nasceu em Morada Nova no Ceará, lugar em ficou sabendo da boa notícia. Ela têm 30 anos, é formada em Design de Moda e atualmente faz um curso de pintura na UFRJ.
Veja aqui uma pequena entrevista com a Magra de Ruim :)
Lady’s – Quando descobriu que o quadrinho era a “sua praia”?
Quando eu fui morar no Rio de Janeiro, em 2008, eu já escrevia e publicava meus textos num blog. Tinha acabado de participar de uma coletânea de contos de novas escritoras “promissoras” do Ceará e estava empolgada com a ideia de escrever. Logo que cheguei, fui trabalhar numa livraria, muitas dessas livrarias estão cheias de escritores promissores… Eu acabava me distraindo muito na seção de quadrinhos, porque a leitura era rápida e dava pra me divertir entre um cliente e outro. Foi lá que conheci o Preto no Branco, do Allan Sieber e me apaixonei automaticamente. Eu descobri que ele morava no Rio e ficava esperando que ele entrasse na livraria a qualquer momento. Também li o Persépolis e aquilo mudou minha cabeça. A personagem estava crescendo no meio da guerra, mas eu sentia que também tinha muito para contar com minha experiência pessoal, por mais que não tivesse nascido no Teerã em pleno conflito Irã-Iraque. Eu já desenhava e comecei a escrever roteiros para quadrinhos no meio do expediente, escondida… O Allan Sieber e a Marjane Satrapi, me apresentando os quadrinhos autobiográfico, fizeram definir em mim o que já estava vago há algum tempo, então eu fui.
Em grande parte sim. Eu tenho essa personagem e coloco minhas roupas nela, meu corte de cabelo, minhas experiências, etc. Às vezes não tem personagem nenhuma, outras vezes a personagem é outra. Por mais que seja uma caricatura minha, aquilo representa o pensamento de um momento, no momento seguinte eu posso ter mudado de idéia, mas o pensamento fica preso para sempre no quadrinho, portanto não posso dizer que sou eu completamente. Mas a grosso modo é.
O mesmo que para qualquer atividade artística, o mundo parece que não precisa de você.
Se você é médica, engenheira, enfermeira, aeromoça, etc, seu lugar está garantido na sociedade… Mas se você é artista, quadrinista, escritora, o mundo não entende muito bem isso, e a sensação é de ser meio que repelida. Não sei se acontece o mesmo para todas as quadrinistas, mas eu sinto isso o tempo todo, eu não consigo dizer: “profissão, quadrinista”, quando estou preenchendo qualquer formulário, por exemplo.
Também acho complicado se mover no meio, porque você tem que ficar cheia de “cuidados”, você não pode parecer “oferecida”, você não pode parecer “fácil”, de preferência que não seja solteira, não reclame para não parecer “mimimi”, você tem que ser muito séria com seu trabalho e não sair da reta, senão já era — e tendo em mente que você pode ser assediada como se fosse um processo normal, porque eles podem. Eu imagino que o fato de os garotos não precisarem ter esse “cuidado” facilita de alguma forma a entrada para eles, o relacionamento deles com eles mesmo, e dificulta em contrapartida para as meninas, pois a maioria dos quadrinistas ainda são homens. Mas isso tá mudando, ainda bem. Hoje tem muitas meninas fazendo quadrinho, se movimentando e cuidando uma das outras. Esse clima tenso que ainda existe entre o sexo pode trazer consequências profissionais. Eu me pergunto sempre: se eu fosse homem, com o mesmo trabalho que eu tenho hoje, o meu reconhecimento seria o mesmo? Eu acho que é uma pergunta importante.
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