Numa busca despretensiosa de quadrinistas que possuem traços e roteiros mais sombrios, encontrei Julia Gfrörer no meio do caminho. Consegui ler dois fanzines, To Dark to See (2011) e Mundane Grimore (2011), e um webcomic, Black is the Color (2012), que são bonitos esteticamente e com roteiros e cenas dramáticas e bizarras.
Os quadrinhos
To Dark to See é um fanzine com um acabamento manual muito bom. Foi encardenado com fio de lã fino preta, capa impressa com tinta cinza em papel cartão preto. O miolo traz sua história xerocada, sem perda de qualidade da arte. O acabamento é impecável. O livreto fala sobre o relacionamento de um casal que mora junto e acontecimentos estranhos que envolvem uma sombra no quarto, que, segundo a autora, representa Succubus.
Diferente da outra HQ, Mudane Grimore, é um fanzine mal grampeado que traz cinco tiras com humor negro sem sentido e que pode ser encontrado no flickr de Julia. Já Black is the Color é a história de um marinheiro que foi deixado num barco de salva-vidas para a inevitável morte. Durante seu triste destino, envolve-se brevemente com uma sereia com senso de humor negro. Está disponível para ler online no site Study Group.
As três histórias dos quadrinhos possuem sempre a mistura de personagens de fantasia com humanos. A distorção da realidade com seres intangíveis chega a ser esquisita, mas soa com naturalidade no roteiro, como é visto na cena da sombra que sai do canto do quarto e faz sexo com o homem (To Dark to See). São relações estranhas, as vezes aleatórias, que influenciam a ler mais quadrinhos de Julia.
Flesh and Bone (2010) é meu sonho de consumo, vi algumas páginas e tem muito mais horror nas cenas. Sua história fala sobre procrastinação.
Quase um todo
Os elementos visuais relativos a morte e dor estão bem presentes no trabalho da ilustradora. As cenas de sexo não são apelativas, são realistas. O preto e o branco são as cores mais usadas nos quadrinhos, mas as imagens coloridas são tão belas quanto e mantém a linguagem triste e sombria que a autora usa.
A autora
Julia Gfrörer trabalha como artista plástica e ilustradora. Mora em Portland, possui “cerca de 463 sardas na mão esquerda e um emaranhado imponente de cabelos brilhantes cor de laranja”, de acordo com a descrição no site. No tumblr dela (I cut so much you thought I was a DJ) é possível visualizar muito bem suas inspirações de horror, nudez, sangue, morte e aleatoriedades estranhas (recomendado para maiores de 18 anos).
Se gostarem de fins ambíguos, horror e um pouco de humor negro é uma ótima leitura.
Links para se ter nos favoritos, curtir e/ou seguir:
Flickr | Facebook | Site (fonte das imagens)

Nossa, muito bacana! Legal ver artistas que trabalham mais com o horror/ bizarrices. Contesta o senso comum que mulher só faz coisa fofinha (nada contra coisas fofinhas, tb adoro).
Excelente texto Samanta, como sempre :)
Hey Natalia, que bom que gostou do texto. :)
De fato, é ótimo ver e conhecer mulheres que fazem quadrinhos nesse estilo. É lindo!
UAAAAAAAAAAAAU que coisa mais incrível . Adorei ela. E realmente sai totalmente do estereótipo ” mulher só faz coisa fofinha e só gosta de romance água com açucar. achei demais
Bastante interessante o trabalho dela. Confesso que não a conhecia, mas essas poucas amostras da sua arte e texto já me deixou com vontade de ler uma obra dela (em especial a Flesh and Bone, que me pareceu bem angustiante)!
Ótima matéria!
Pingback: Lágrimas, sexo e sangue por Heather Benjamin | Lady's Comics
Vcs sabem o que sognifica o sinal feito com aquela mao com olhos?