Tenho muito o que falar sobre Habibi. Tanto que não caberia aqui. Tenho certeza de que uma boa parte não seria diferente do que a maioria diria ou já disse. É lindo! E essa não é a única palavra que tenho para esse quadrinho. Ao mesmo tempo em que achei denso, profundo, achei delicado e até sutil, mas forte. Contradição de achismos inevitável diante de mais de 600 páginas de uma história que envolve fatores conflitantes como amor, religião, fé, sexualidade, desencontros e tristezas. Basicamente elementos presentes em uma vida.
É mesmo sobre vida que conta Craig Thompson, autor de Habibi. Sobre como, não importa onde, as pessoas têm dilemas e buscam por felicidade. Dodola e Zam não são diferentes. O quadrinho te apresenta boa parte da vida desses dois personagens e, mesmo com certos desencontros, o autor segue uma linearidade nos acontecimentos, permitindo que o leitor os acompanhe sem perder o fio da história. Essa é repleta de referências ao Corão e às Mil e uma noites, bem como a origem do islamismo e suas tradições, segundo a editora. Cada um que encontre sua referência ao ler Habibi, desde que não deixe de ler.
Foi o que fiz por mais de uma vez. Cada leitura me proporcionou uma viagem diferente, mas em todas elas um elemento comum: a força de Dodola. E por meio dessa personagem acho ser possível explicar o que senti por essa graphic novel. Nas primeiras páginas uma menina de 9 anos é vendida pela família que precisa de dinheiro. Apesar da trama se passar em um país fictício, e não ter uma data certa, essa é uma história comum para muitas meninas ainda hoje. Ao se casar com um homem bem mais velho, ela encontra a possibilidade de aprender a ler e escrever, fugindo para as histórias contadas pelo marido. A fantasia era sua válvula de escape e a acompanha por todo o quadrinho até sua vida adulta.
Nesse trajeto, Dodola precisa se deparar com opressão, preconceito, machismo, desigualdade e muita arrogância. Mas o caminho também a mostra várias maneiras de amar. Ela segue de forma corajosa, sempre ao lado do parâmetro que o autor cria com as palavras. Por meio da escrita árabe tudo é possível. Impossível é não se colocar no lugar dessa personagem. O que Dodola mais quer é alcançar um objetivo: a felicidade. Quem não quer? Esse sentimento, para ela, estava em outra pessoa e, mesmo o encontrando, eles ainda precisam descobrir um caminho juntos. É impressionante a transformação física pela qual ela passa. Olheiras que aumentam a cada página. Não só ela. Craig consegue mostrar que o tempo passou e deixou marcas naquelas pessoas.
Complicado me aprofundar nos personagens sem escancarar a história, o que seria prejudicial para quem ainda não leu. Paro por aqui sem ter falado sobre a “islamofobia”; Sem ter feito a costumeira comparação com Retalhos, trabalho de Craig Thompson publicado e conhecido aqui no Brasil; Também não me alonguei no formato da HQ e no tempo que gastei em cada página, só para conseguir extrair todos os detalhes; Do significado da palavra “habibi”; Sobre o tempo que o autor gastou para fazer Habibi (mais de 7 anos!) e tantas outras mil coisas que ficam rondando minha cabeça.
Só posso pedir para que você leia. Leia mais de uma vez, se possível!

A narrativa é tão incrível que li as 672 páginas num dia / Estou relendo novamente, agora prestando atenção em cada detalhe da página.
Excelente recomendação … vale muito a pena.
Que bacana! Minha primeira leitura de Habibi também ocorreu em um dia. Apesar de grande, o quadrinho oferece leitura rápida.
:D
Eu tb li Habibi de uma vezada só. Um dos melhores quadrinhos que ja li. Valeu os 7 anos de producao do album.
Habbib é lindo. E Craig Thompson é um artista barroco. E as duas obras que chegaram pro aqui são autenticamente barrocas em estética, estilo e tema. Se eu tivesse paciência para enveredar num mestrado seria por esse caminho….
Queria agradecer muito por esse site em geral e esse post em especial. Gosto de quadrinhos, mas nem sempre encontro obras legais, que me agradem tanto na história quanto na arte.
Passei em uma livraria e me deparei com esse livro e só comprei porque havia lido esse post que me deixou muito curiosa.
Valeu muito a pena. A cada página fiquei de boca aberta. Fiquei maravilhada com tudo e surpresa com o preço, que não é exorbitante. Muito obrigada pela indicação!
Poxa, Fernanda, você não tem ideia do quanto gostei de ler isso!
Quando escrevo para o Ladys, fico doida para saber o que os leitores pensam do quadrinho ou da quadrinista que indico. No caso de Habibi em especial, é sensacional saber que gostou. No final das contas é o que peço no meu texto, né?! “leia e leia!”. hihi
Atualmente é meu quadrinho preferido no mundo todo…
Abraço :D
Conheci o site hoje. Já conheço, tenho e li Habib que acho fenomenal. Melhor que Retalhos.
Sobre o livro e sobre a temática do blog, Samara, veja esta entrevista
http://www.blogdacompanhia.com.br/2012/06/mitsunaga-ronin/
Muito da qualiddade da edição nacional devemos a Lilian Mitsunaga.
Muito bacana. Helbert! Valeu pela dica, viu? ;)
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Esse livro é incrível, vou ler mais uma vez, a história é perfeita, amei. O autor está de parabéns !!